terça-feira, 11 de agosto de 2020

O DIA MAIS FELIZ DE TODA A MINHA VIDA...

 Amigo blog:

Dita a necessidade que, nesta narrativa real da minha “história de vida”, aqui me veja impelido a eclipsar alguns factos de extrema importância, pulando no tempo.

Se alguém tiver pachorra (seja por bondade ou carência de gosto) para ler isto, terá ainda mais dificuldade em perceber o que tem sido a minha patética existência, a imbecilidade ou a demência que me avassala.Estou certo que, para os que se locupletam de ovações e “vivas” à modernidade dos “relacionamentos” (palavra que veio substituir a essência das ligações humanas onde o amor passou a ser fantasiado e, por isso ausente, em detrimento daquilo que separa os humanos dos animais e também o afecto cedeu lugar ao simples formalismo jurídico normativo) a la minute e de forma descartável, para esses, eu sou mesmo um retrogrado demente.   

Bom… sobre o tema dos “relacionamentos” e do fim da afectividade humana, que é uma das minhas áreas de interesse, poderia escrever milhentas postagens…

Na minha narrativa, adianto-me no tempo para relatar o mais feliz acontecimento da minha vida afectiva.

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Vai um saltinho no tempo e eis que, nos finais de Setembro de ano de 198x, aconteceu algo verdadeiramente inesperado e maravilhoso.

Num daqueles dias de feira em que a juventude de todo o concelho se encontrava, eu ganhei coragem suficiente para me aproximar da minha diva Isabel.

 Eu sentia-me tão emocionado!… O coração acelerado, todo o corpo tremia, a boca ficou seca e as palavras saiam custosamente e a medo.

Fiquei deveras atrapalhado, a ponto de a minha memória fotográfica ter bloqueado - não consegui reter, quase nada desse dia de sonho. Aliás, no dia seguinte eu próprio duvidava se tudo isso teria sido real ou se foi apenas um sonho.

 

Aproximei-me da minha celestial Diva.

Meti conversa com ela.

Contrariamente ao que pensava, ela anuiu e demonstrou uma receptividade e proximidade que me deixou atónito.

Passeamos sozinhos entre a multidão, falamos, vi-lhe um sorriso tão divinal e deslumbrante que me deixou completamente nas nuvens.

 Viajamos juntinhos no autocarro até à freguesia dela.

 Aí, ela saiu numa paragem longe de casa, dizendo que tinha de ir à mercearia que, nessa época, funcionava também como posto de correios.

Eu acompanhei-a. Contudo não entrei na mercearia/café e posto de correios. Dois motivos me retiveram à espera da Isabel no exterior: por um lado temia que ela achasse inconveniente a minha companhia; por outro lado, não eu gostava muito das observações do proprietário da dita mercearia – o Sr. Serafim. Receei que ele fizesse alguma observação que pudesse afastar (de mim) a minha celestial companhia. 

Esperei uns dez minutos que, nesta circunstância, pareceram uma eternidade.

Tudo parecia um sonho, mas, enquanto esperava, fui descendo à Terra, lentamente.

Então, assolou-me um sentimento de inferioridade e insegurança tão grande que, rapidamente, senti os olhos turbos e um aperto indescritível no coração.

 A questão que me apoquentava era esta: será que a Isabel saiu nesta paragem para não passar a vergonha de me ter como companhia na paragem onde costumava sair?

Fiquei desapontado, pesaroso e muito inseguro. Tudo isto piorou o meu debilitado e frágil estado, arruinando de vez a minha auto-estima. Ela era boa de mais para mim… eu não era digno dela.

Eis, enfim, que ela reaparece.

Iniciamos a mais maravilhosa e inolvidável jornada a dois em que eu participei em toda a minha, até à casa dela. A única caminhada (com ela) a dois que o destino me reservou.

Entre a alegria de viver aquele sonho e o meu receio de acordar para a realidade, fomos caminhando…

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