Amigo blog:
Dita a necessidade que, nesta narrativa real da minha “história
de vida”, aqui me veja impelido a eclipsar alguns factos de extrema importância,
pulando no tempo.
Se alguém tiver pachorra (seja por bondade ou carência de gosto) para ler isto, terá ainda mais dificuldade em perceber o que tem sido a minha patética existência, a imbecilidade ou a demência que me avassala.Estou certo que, para os que se locupletam de ovações e “vivas” à modernidade dos “relacionamentos” (palavra que veio substituir a essência das ligações humanas onde o amor passou a ser fantasiado e, por isso ausente, em detrimento daquilo que separa os humanos dos animais e também o afecto cedeu lugar ao simples formalismo jurídico normativo) a la minute e de forma descartável, para esses, eu sou mesmo um retrogrado demente.
Bom… sobre o tema dos “relacionamentos” e do fim da
afectividade humana, que é uma das minhas áreas de interesse, poderia escrever
milhentas postagens…
Na minha narrativa, adianto-me no tempo para relatar o mais feliz acontecimento da minha vida afectiva.
«
Vai um saltinho no tempo e eis que, nos finais de Setembro de ano de 198x, aconteceu algo verdadeiramente inesperado e maravilhoso.
Num daqueles dias de feira em que a juventude de todo o
concelho se encontrava, eu ganhei coragem suficiente para me aproximar da minha
diva Isabel.
Fiquei deveras atrapalhado, a ponto de a minha memória fotográfica ter bloqueado - não consegui reter, quase nada desse dia de sonho. Aliás, no dia seguinte eu próprio duvidava se tudo isso teria sido real ou se foi apenas um sonho.
Aproximei-me da minha celestial Diva.
Meti conversa com ela.
Contrariamente ao que pensava, ela anuiu e demonstrou uma
receptividade e proximidade que me deixou atónito.
Passeamos sozinhos entre a multidão, falamos, vi-lhe um
sorriso tão divinal e deslumbrante que me deixou completamente nas nuvens.
Aí, ela saiu numa
paragem longe de casa, dizendo que tinha de ir à mercearia que, nessa época,
funcionava também como posto de correios.
Eu acompanhei-a. Contudo não entrei na mercearia/café e posto de correios. Dois motivos me retiveram à espera da Isabel no exterior: por um lado temia que ela achasse inconveniente a minha companhia; por outro lado, não eu gostava muito das observações do proprietário da dita mercearia – o Sr. Serafim. Receei que ele fizesse alguma observação que pudesse afastar (de mim) a minha celestial companhia.
Esperei uns dez minutos que, nesta circunstância,
pareceram uma eternidade.
Tudo parecia um sonho, mas, enquanto esperava, fui
descendo à Terra, lentamente.
Então, assolou-me um sentimento de inferioridade e
insegurança tão grande que, rapidamente, senti os olhos turbos e um aperto
indescritível no coração.
Fiquei desapontado, pesaroso e muito inseguro. Tudo isto piorou o meu debilitado e frágil estado, arruinando de vez a minha auto-estima. Ela era boa de mais para mim… eu não era digno dela.
Eis, enfim, que ela reaparece.
Iniciamos a mais maravilhosa e inolvidável jornada a dois em que eu participei em toda a minha, até à casa dela. A única caminhada (com ela) a dois que o destino me reservou.
Entre a alegria de viver aquele sonho e o meu receio de
acordar para a realidade, fomos caminhando…
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