Blog: Continuando…
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Ia eu a dizer que a história podia e devia ter terminado naquela
tarde de verão que eu narrava no início.
Isso mesmo, por via de regra, usava acontecer comigo.
Isso mesmo, por via de regra, usava acontecer comigo.
Desta vez, contudo, o desenvolvimento foi muito diverso.
Nessa tarde, depois daquela breve mas enérgica aparição, segui ao
encontro da minha turma. Todavia, de forma inusitada e brusca, nessa fatídica
tarde, para mim, tudo se tornou diferente. Os acordes da viola do João perderam
a harmonia, faltava humor às piadas da Manuela, a companhia da sedutora
Elisabete tornou-se uma penitência e não um prazer … nada tinha sentido.
Subitamente, eu via com outros olhos o mundo que me rodeava
e, se me perguntassem porquê, nem eu mesmo sabia explicar o que se
passava. Não havia motivo, não tinha justificação.
Ao contrário do que costumava acontecer, fui o primeiro a debandar
do grupinho.
Recordo-me da reacção da Elisabete, com um ar de desdém: “Já
vais!?... Que Deus te guie… e escreve para mandar saudades!”
Regressei a casa sozinho, sem vontade de falar com ninguém, com a
sensação de que o mundo não presta nem tem nada de proveitoso.
Sentia-me abatido, melancólico e pesaroso, como se tivesse sido vítima de algo grave
ou acometido de algum desgosto, mas não encontrava nenhuma razão objectiva para
tão constrangedora e debilitante sensação.
Curiosamente, até ao cair da noite a miúda do “profético encontro
“ não ocupava espaço de relevo na minha memória. Quase havia esquecido aquela
inusitada aparição e a extraordinária sensação que me flagelou.
Quando caiu a noite, com a entrada no recolhimento eremita do
aconchego solitário do meu quarto, deu-se um fenómeno estranho – aquela “visão”
ganhou vida.
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.../…
A adolescência é uma fase complicada porque se vive tudo com muita intensidade.
ResponderEliminarContinuemos...
Obrigado pela visita.
ResponderEliminarEu vejo o mundo assim: "minha" juventude era irreverente, hoje varia entre o insolente e o delinquente.