Eu, como sou anormal, quase-demente,
excêntrico q.b., mas senhor do meu nariz e, como estou a narrar factos e não a
escrever uma peça literária, começo de forma distinta:
«
No dia vinte e dois de Junho de mil
novecentos e oitenta e --- (inícios dos
anos oitenta), eram umas cinco horas da tarde dessa segunda-feira de Verão
sufocante, este insano, então jovem adolescente, havia combinado encontrar-se
com os colegas de turma.
A minha terra está acomodada junto a um
rio, lendário e encantador, que aparece cartografado nos mapas deste rectângulo
Luso. Era junto a esse rio, com a estival temperatura moderada pela humidade
fluvial e resguardados na comodidade da sombra das árvores da avenida que
estava marcado o nosso “ponto de encontro”.
Nesse dia atrasei-me incomensuravelmente.
Demorei-me a ajudar uma pessoa que
necessitava do meu apoio e, para um encontro marcado para as duas horas da
tarde, excepcionalmente, chegava com três horas de atraso.
Embora com a alma preenchida por ter
ajudado quem necessitava de mim, entrei na avenida mais desconsolado do que
satisfeito.
Ia, meio revoltado, a dizer com os meus
botões: é sempre a mesma coisa… nunca me acontece nada de bom e só
encontro pessoas para me ocuparem e maçar…
Nesse preciso momento encontro na minha
frente, qual aparição celestial, uma figura ímpar, irrivalizável e inolvidável
– uma miúda que me deixou completamente parado e sem reacção alguma, a não ser
um arrepio que, como um choque eléctrico, percorreu todo meu corpo.
Devo ter ficado com uma cara de palerma,
petrificado e sem esboçar um só gesto, como se o tempo e o mundo tivessem
parado. A verdade é que eu senti algo de “físico”, muito além de um simples “
efeito emocional”.
Além de nunca ter acontecido (e jamais se
repetiu) nada de semelhante na minha vida, foi uma sensação absurdamente
estranha mas, julgava eu, fugaz e passageira.
Seguramente ela nem me viu. Contudo, esse
momento ficou gravado a fogo no mais profundo do meu peito.
Ela prosseguiu o seu caminho com toda a
normalidade. Eu, depois de recomposto do choque, lá fui ao encontro da turma.
A história podia, e devia, ter terminado aqui, ou seja, nessa tarde de Junho do já longínquo ano 198x. Porém, feliz ou infelizmente (não tenho a certeza), não acabou.
»
.../…
Gostei do 198x. Fica giro :)
ResponderEliminarEsperando pela continuidade...
Boa semana.
Sabe!?... Para mim o x não é apenas a incógnita. Eu uso-o muito como uma “pastilha elástica coloquial”… posso debitá-lo à vontade porque ele continua neutro e não diz nada.
ResponderEliminarNo fundo eu sinto-me um “xis”.
Obrigado pela sua benévola vista e uma óptima semana