sábado, 25 de janeiro de 2025

MAL - O "dia zero" e suas consequências...

Caro blog:

Ontem foi o meu “dia zero”, no regresso ao meu local de trabalho.

Levei com tanta hipocrisia em cima, com tanto veneno disfarçado e tanto sorriso cínico!

Em casa, à noite, estive muito doente. Para dizer a verdade, por momentos pensei que tinha chegado a minha hora de partir para o “Más Allá  (o quizás, aún mais allá!)…

Talvez não tenha chegado a tempos o bilhete para a minha partida!

Há muito tempo que não me sentia tão mal.

A morte não me assusta nem me entristece. Eu sempre fui um pacóvio, um palerma cujos erros sucessivos destruíram todo o encanto da existência terrena. A única coisa que eu soube fazer com perfeição, foi errar.   Apetecia-me dizer que só me conforta o facto de nunca ter prejudicado ninguém com os meus erros. Que apenas eu fui vítima das minhas decisões. Talvez não seja bem assim. Acho que a “minha consorte” e os “meus juniores” mereciam algo de melhor do que este labrego analfabeto.  

Hoje andei normal.

Eu creio que quando morrer vou para o inferno. Apesar de tudo, sou cristão católico, assiduamente praticante. Hoje fui à missa, como faço todos os fins-de-semana e vastas vezes durante a semana.

Se tivesse vivido no tempo de Jesus Cristo teria sido seu discípulo. Talvez não reunisse as condições para isso, mas gostava.

Em bom rigor, tenho pouco jeito para ser herói. Detesto “dar nas vistas” e nada faço em prol da fama. Talvez Jesus não admitisse na sua comitiva alguém como eu.

No mínimo, teria relatado tudo aquilo que via. O Evangelho de hoje (porque eu fui hoje à missa vespertina, mas é do terceiro Domingo do Tempo Comum) corresponde ao início do Evangelho de S. Lucas e diz assim:

«Muitos já se dedicaram a elaborar um relato dos factos que se cumpriram entre nós […] Eu mesmo investiguei tudo cuidadosamente, desde o começo, e decidi escrever-te um relato ordenado, ó excelentíssimo Teófilo, para que tenhas a certeza das coisas (…)»

Creio que isto, no mínimo, eu teria feito. Quiçá eu fosse outro Flávio Josefo, mas anónimo.

Não sei.

Sinceramente, acho que cada vez sei menos. 

Sinto-me cada vez mais analfabeto, incapaz e ultrapassado – enfim... Fora de prazo!

quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

JURO!

 

Juro!

Juro. Gostava de ver a cara do meu chefe quando abriu o mail que lhe enviei hoje, onde constavam todos os documentos da minha consulta.

Acho que ele ficou abesbílico… Mas, descanse, ainda tenho mais mimos para lhe oferecer.

É que eu costumo dizer:

 Remissio proprietas sanctorum, oblivio autem asinorum est.

(Simplificando: Perdoar é de santos, esquecer é de burros!)

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

OBTUSO: Isto vai começar mal!...


Olha blogue: detesto argutos hipócritas!  

 Hoje, como havia previsto, ia telefonar ao “altíssimo” (o meu chefe hierárquico), pois retomarei as minhas funções esta semana, mais concretamente, sexta-feira.

Não precisei telefonar-lhe. Ele antecipou-se.

Até aqui tudo bem. Porém, a questão não é assim tão simples. Há impostura e malvadez num gesto que parece de límpida gentiliza e preocupação.

Explicarei!

Ainda cedo, telefonou-me a “dra. recursos humanos” (uma impostora, cujo carácter é tão valioso como as jóias de pechisbeque que usa). Pretendia a dita amanuense saber se eu estava a pensar passar pelo seu prestimoso despacho, antes de regressar. Respondi-lhe, de forma ligeira: “evidentemente que não!

Vai daí, a dita Sra. comunicou-me que na sexta-feira, por motivos de força maior, não estaria  disponível e eu necessitava de formalizar o meu retorno ao serviço. Tão prestável e generosa se mostrava que eu, pateta como sempre, segredei-lhe uma ideia que me ocorrera. Assim em letras muito pequeninas e em nota de rodapé, disse-lhe que gozaria um dia de férias vencidas, referentes a 2024, logo estava a pensar só regressar na segunda-feira – bem vistas as coisas não faz sentido regressar numa sexta-feira, dado que o meu retorno ao serviço faz-se  sub conditionem”, ou seja com condições especiais de serviços e horários.

Pareceu-me puder confiar-lhe esta decisão minha. Disse-lhe que “isto fica entre nós”, mas tenho justificação para fazer esta pequena alteração e mandarei com as “24 horas de antecedência regulamentares” o requerimento ao meu “benquisto altíssimo”.

O que eu não imaginava é que a “profissionalíssima” iria de imediato comunicar isto ao dito cujo “altíssimo”.

Uns dois minutos depois soa novamente o irritante telemóvel (detesto este horroroso objecto e, para ser sincero, não costumo usar – contam-se pelos dedos de uma mão as vezes que, durante um ano, me faço acompanhar desta porcaria).

Atendi.

Era o grande chefe. Muito emocionado e prazenteiro: acabava de se lembrar, por arte mágica, que eu deveria regressar esta semana. Ora, como ninguém daquela instituição se lembraria de me contactar acerca disso, ele (usando o seu sexto-sentido) esperava-me na sexta-feira de manhã. De tal forma eu sou importante que ele, com uma gentiliza inaudita, cancelara assuntos importantes da sua agenda, só para me receber - até porque eu sou o seu assessor mais cotado na bolsa das suas preferências pessoais e profissionais. E, imagine-se só, “nem sequer necessitas passar pelos recursos humanos” (sic).

Bom!

Isto começa mal. Tanto tempo depois, e quando regresso já tenho uma alma penada para esconjurar!

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

DISSABOR: Calendário para esta semana

 

Caro blog:

Deixa-me desabafar contigo o rol de preocupações da semana. 


Hoje é dia de S. Sebastião.

Gostava de ir à festa/feira de S. Sebastião, mas não posso. Aqui tão perto e nunca fui. Não faz mal. Ficarei em casa o dia todo… afinal de contas o tempo também não ajuda nada!

Amanhã – Terça-feira: vou telefonar ao meu chefe.

Chefe!... Um daqueles gajos que eu tinha por amigo, mas que acabou por me sair um bom patife. Somos praticamente vizinhos, mas faço os possíveis por nem seque o ver.  

Com ele quero tratar apenas de coisas institucionais. Se ele quiser, eu até posso ir falar com ele. estou-me nas tintas.

Quarta-feira: de manhã, consulta na clínica. De tarde não sei o que vou fazer.

Quinta-feira: de tarde, consulta no hospital. De manhã não sei o que vou fazer.

Sexta-feira: Regresso ao trabalho. Quase quatro anos depois, eis que regresso ao trabalho no dia 24 de Janeiro. 

Já antevejo um desfile de necrófagos (abutres, hienas, moscas-varejeiras e quejandos…) a dar-me as “boas-vindas” e a inventar palavras simpáticas.

Enfim… estou farto de viver neste mundo selvagem e, pior do que isso, ter de suportar a faina diária na “cloaca maxima” desta sociedade verminosa… 

 

Bom! Disso falamos depois.