Caro blog:
Ontem foi o meu “dia zero”, no regresso ao meu local de trabalho.
Levei com tanta hipocrisia em cima, com tanto veneno disfarçado e tanto sorriso cínico!
Em casa, à noite, estive muito doente. Para dizer a verdade, por momentos pensei que tinha chegado a minha hora de partir para o “Más Allá” (o quizás, aún mais allá!)…
Talvez não tenha chegado a tempos o bilhete para a minha partida!
Há muito tempo que não me sentia tão mal.
A morte não me assusta nem me entristece. Eu sempre fui um pacóvio, um palerma cujos erros sucessivos destruíram todo o encanto da existência terrena. A única coisa que eu soube fazer com perfeição, foi errar. Apetecia-me dizer que só me conforta o facto de nunca ter prejudicado ninguém com os meus erros. Que apenas eu fui vítima das minhas decisões. Talvez não seja bem assim. Acho que a “minha consorte” e os “meus juniores” mereciam algo de melhor do que este labrego analfabeto.
Hoje andei normal.
Eu creio que quando morrer vou para o inferno. Apesar de tudo, sou cristão católico, assiduamente praticante. Hoje fui à missa, como faço todos os fins-de-semana e vastas vezes durante a semana.
Se tivesse vivido no tempo de Jesus Cristo teria sido seu discípulo. Talvez não reunisse as condições para isso, mas gostava.
Em bom rigor, tenho pouco jeito para ser herói. Detesto “dar nas vistas” e nada faço em prol da fama. Talvez Jesus não admitisse na sua comitiva alguém como eu.
No mínimo, teria relatado tudo aquilo que via. O Evangelho de hoje (porque eu fui hoje à missa vespertina, mas é do terceiro Domingo do Tempo Comum) corresponde ao início do Evangelho de S. Lucas e diz assim:
«Muitos já se dedicaram a elaborar um relato dos factos que se cumpriram entre nós […] Eu mesmo investiguei tudo cuidadosamente, desde o começo, e decidi escrever-te um relato ordenado, ó excelentíssimo Teófilo, para que tenhas a certeza das coisas (…)»
Creio que isto, no mínimo, eu teria feito. Quiçá eu fosse outro Flávio Josefo, mas anónimo.
Não sei.
Sinceramente, acho que cada vez sei menos.
Sinto-me cada vez mais analfabeto, incapaz e ultrapassado – enfim... Fora de prazo!
Está a ser muito exigente consigo. Quem não erra? Quem não escolhe o caminho menos certo? Tem razão quando diz que se vivesse no tempo de Jesus seria seu discípulo. Quem não seria? Tenha benevolência consigo e pense que a vida está aí para ser vivida com alguma alegria.
ResponderEliminarUma boa semana.
Um beijo.