domingo, 24 de maio de 2020

Sinto-me um vadio no deserto...

Meu caro blog:

Toldado pela síndrome de "Domingo à tarde", esta hora de empardecer caustica mais as minhas fragilidades. Tu, meu fiel blog, sabes bem porquê.

Hoje sinto-me no meio do nada. 
Há já muitos fins-de-semana que não saio de casa. Literalmente, não tenho para onde ir. O mundo não tem nada que me desperte atenção, salvo um lugar muito específico. Esse sítio é, justamente, onde não devo ir. Por isso estou melhor em casa, embora, por estar recolhido nos meus domínios não obste a que eu não entre no domínio da vulgaridade e da estupidez - hoje foi um desses dias. Abstenho-me de pormenores, não vá alguma alma sensível (se existir alguém que desperdice o tempo e tenha o mau gosto de ler isto) tomar-me por mais desequilibrado ainda.

A verdade é que me sinto no deserto. Não estou perdido. Eu faço parte desse deserto. Vazio, oco, agreste, inabitável, árido, repelente e infrutífero, assim sou.
Sou um camelo errante no deserto, abandonado à sorte, desprezado por algum tuaregue. 

Vivo de aridez e miragens. 

Não necessito de nada para me desgastar – basta-me a minha luta contra mim próprio. É uma luta entre o eu-real e o eu-fantasma; aquilo que sou e aquilo que me persegue.

Blog, tu sabes que ninguém consegue entender isto!
Se, por um lado, o que mais queira que acontecesse era poder fazer “reset” à minha vida - limpar tudo da memória. Ao mesmo tempo, independentemente de todos os tormentos e contrariedades, sinto uma vontade incontrolável de me aproximar daquilo que me enfraquece e debilita – essa “musa divinal e impossível”.

Porém, seja qual for a situação, independentemente de tudo o que pudesse acontecer, nem que todo o impossível se tornasse, milagrosamente, realidade… eu não queira nenhuma ligação objectiva a ela – NADA, ABSOLUTAMENTE NADA. O que está, está bem como está. Eu é que estou mal!...

Então, se eu fosse omnipotente o que alteraria?
(Se eu tivesse controle sobre tudo, o que eu faria acontecer?)

4 comentários:

  1. Boa noite,
    Passando para agradecer sua visita e comentário ao meu blog Paraiba para o Mundo.

    Gostei do diálogo com o blog, às vezes nos da mesmo vontade de dar um reset geral e acordar com nova configuração.
    Desculpe a demora em retribuir a visita.

    Vasto abraço!

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    1. Foi uma dupla honra: ter visitado o seu blog e ter o privilégio de a receber aqui
      Obrigado e bem-haja.

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  2. Eu sou apologista de se esclarecer o que nos atormenta o coracao. Eu contactava a musa. Talvez ela deixasse de ser tao... mas receia ceder, caso esta lhe sorria acolhedoramente. Receia destruir um lar: o seu.

    Digo eu, que nada sei e temo já estar no mesmo caminho que o seu. Com uma ressalva: como mulher, nao há um homem, nao há uma familia, nao tenho um "nós". O homem ninca fica só. Há sempre ums mulher para o acolher. Na sua juventude, por mais "patinho feio" e desvalorizado que se sinta, encontra sempre uma mulher especial, que o vai acolher na sua bondade e amor. Acredito mesmó nisto. É a natureza feminina. O homem porém, é pouco dado ao mesmo impulso. Ele que satisfação pessoal e aceita o amor de uma mulher, ainda que nao seja aquele que ele quer. A mulher... é diferente. Ela dá e é abandonada ou não quer só por precisar. Quer o autentico.

    Eu contactei o homem que me despertou sentimentos no coração. Quis expor a situação. Ele é que cortou comigo subitamente, sem nada dizer. Acho que pensou que eu nada queria com ele. E eu... queria tudo. TUDO mesmo. Mas nisto descobri ou fui forcada a perceber que este tipo de sentimento era unilateral. Porque se amas alguém acho que nao se é capaz de não responder aos seus pedidos para uma conversa. Havendo gosto, encontra-se uma forma. E estou aqui, um ano volvido, ainda com sentimentos especiais por ele. Alias, se calhar mais especiais ainda porque nao tiveram oportunidade de serem experenciados e de reagir ao feedback do proprio.

    Espero não continuar assim daqui a 20 anos.

    Um abraço

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    1. Este seu comentário tocou-me muito!
      Não necessito de explicar porquê, pois há coisas que só compreende quem tem alguma experiência.
      Tenho dificuldade em responder-lhe aqui - a resposta seria demasiado longa.
      Desde logo, «contactar a "musa"» só faria sentido com o grau de anonimato que aqui tenho. Sim, isso poderia ajudar: se ela lê-se este blog e descarregasse a sua "bílis" sobre mim. Contacto directo seria impossível e está completamente fora de questão.
      Não, não tenho receio ceder - se isso nunca foi uma opção, agora, além de não ser opção seria tarde de mais. Receio prejudicá-la a ela e à minha família.

      A minha história e mais parecida com sua do que imagina.
      Independentemente do resultado final, acho que não deve deixar nada em aberto. Acredite que hoje me arrependo de não ter resolvido tudo o que me atormenta, se eu pudesse era isso que fazia (essa disso que eu ia falar no post de hoje, mas passou-me a vontade).
      Espero que o seu caso seja diferente em tudo. Olhe que os homens reagem com muita superficialidade e têm muito dificuldade em ver e parte profunda, forte e assertiva da mulher.

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Bem-haja e felicidades!