terça-feira, 23 de junho de 2020

Naquele primeiro dia...

Blog: Continuando…

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Ia eu a dizer que a história podia e devia ter terminado naquela tarde de verão que eu narrava no início. 
Isso mesmo, por via de regra, usava acontecer comigo. 
Desta vez, contudo, o desenvolvimento foi muito diverso.

Nessa tarde, depois daquela breve mas enérgica aparição, segui ao encontro da minha turma. Todavia, de forma inusitada e brusca, nessa fatídica tarde, para mim, tudo se tornou diferente. Os acordes da viola do João perderam a harmonia, faltava humor às piadas da Manuela, a companhia da sedutora Elisabete tornou-se uma penitência e não um prazer … nada tinha sentido.

Subitamente, eu via com outros olhos o mundo que me rodeava  e, se me perguntassem porquê, nem eu mesmo sabia explicar o que se passava. Não havia motivo, não tinha justificação.

Ao contrário do que costumava acontecer, fui o primeiro a debandar do grupinho.

Recordo-me da reacção da Elisabete, com um ar de desdém: “Já vais!?... Que Deus te guie… e escreve para mandar saudades!

Regressei a casa sozinho, sem vontade de falar com ninguém, com a sensação de que o mundo não presta nem tem nada de proveitoso. Sentia-me abatido, melancólico e pesaroso, como se tivesse sido vítima de algo grave ou acometido de algum desgosto, mas não encontrava nenhuma razão objectiva para tão constrangedora e debilitante sensação.

Curiosamente, até ao cair da noite a miúda do “profético encontro “ não ocupava espaço de relevo na minha memória. Quase havia esquecido aquela inusitada aparição e a extraordinária sensação que me flagelou. 

Quando caiu a noite, com a entrada no recolhimento eremita do aconchego solitário do meu quarto, deu-se um fenómeno estranho – aquela “visão” ganhou vida.
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2 comentários:

  1. A adolescência é uma fase complicada porque se vive tudo com muita intensidade.

    Continuemos...

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  2. Obrigado pela visita.
    Eu vejo o mundo assim: "minha" juventude era irreverente, hoje varia entre o insolente e o delinquente.

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